Felipe Fraga estreou nos monopostos ao treinar com um carro da Hitech em Campo Grande
Nesse final de semana, Felipe Nasr deve conquistar matematicamente o título da F3 Inglesa. Para isso, de uma forma resumida, o brasileiro somente precisa somar mais pontos que os dois principais rivais: William Buller e Carlos Huertas. Isso não é tão difícil, pois foi o que aconteceu em seis das sete etapas do ano.
Mas esse não pé um post sobre Nasr, é sobre Felipe Fraga, um dos principais pilotos do kartismo atual no Brasil, que dentre outros títulos nacionais e internacionais é o atual campeão da Seletiva Petrobras de Kart. No início do ano e com o título petrolífero conquistado, o garoto de apenas 16 anos de certa forma surpreendeu quando optou por ficar no kart ao invés de fazer a transição para os monopostos, a exemplo de rivais da mesma geração como Felipe Donato e André Pedralli.
A escolha de Fraga foi motivada por dois bons motivos: ele aproveita mais um ano da fama que tem no kart, enquanto faz uma boa preparação para iniciar nos monopostos. Desde o início do ano, o residente do Tocantins tem feitos treinos físicos para aguentar o desgaste proporcionado pelo novo passo na carreira. Além disso, participou no início da semana de dois dias de testes com um carro da Hitech da F3 Sudamericana, em Campo Grande, onde a categoria tinha corrido no último sábado e domingo.
Esse teste marcou a primeira vez na carreira em que Felipe pilotou um monoposto. O garoto percorreu mais de 200 voltas ao longo dos dois dias e teve o melhor tempo cerca de 0s2 mais rápido que o obtido por Fabiano Machado, líder da F3, ao conquistar a pole-position para a etapa campograndense da categoria.
Apesar disso, fazer uma comparação entre os tempos obtidos por eles é complicado, já que a situação da pista muda de um dia para o outro. Campo Grande, aliás, é especialista nisso por conta da poeira que fica no asfalto. Como Fraga treinou seguidamente por dois dias e aproveitou o emborrachamento da pista por conta da rodada da F3, o piloto pode (sendo impossível garantir) ter enfrentado condições melhores.
O primeiro teste de Felipe Fraga, no entanto, não diz nada
No entanto, outros fatores pesam a favor de Felipe. Primeiro, que ele não estava usando o carro de Fabiano, estava com o de João Leme, que foi 1s4 mais lento durante a classificação. Segundo, o próprio Machado, que está no segundo ano na categoria, admitiu após a pole-position que a pista de Campo Grande é uma das que ele mais treinou, portanto a conhecia como a palma da mão.
Como visto, Felipe superou Machado em carro que nunca havia pilotado, por uma equipe com a qual nunca tinha trabalhado e em um circuito onde nunca correra. A pergunta, portanto, é se em questão de tempo de volta as condições da pista mais favoráveis a Fraga compensavam todas essas dificuldades, isto é, se o 0s2 de vantagem pode se atribuído somente à diferença de condições da pista.
É claro que é impossível responder isso sem saber como estava o circuito quando Fabiano conquistou a pole-position e como estava o traçado nos treinos do estreante. No entanto, pelo ritmo semelhante dos dois, os prognósticos a favor do garoto do Tocantins são animadores.
As circunstâncias do treino de Fraga, aliás, são bastante semelhantes às do início de carreira de outro Felipe, o Nasr.
O atual líder da F3 Inglesa disputou a rodada de Interlagos da F-BMW Americas e, subindo ao pódio, foi convidado pela equipe Eurointernational a realizar um teste no circuito Hermano Rodriguez justamente no dia seguinte após a final mundial da categoria. No torneio, que o brasileiro não participou, Alexander Rossi marcou o recorde da pista ao conquistar o título. No dia seguinte, o brasiliense foi ainda mais rápido que o americano.